As eleições, independentemente de quem ganhou, não correram nada bem!

 


    





Era previsível, mas a verdade é que isto não correu nada bem. Para ninguém. Embora haja, como sempre há, portugueses que ainda não tiveram essa ‘sensibilidade’.

Foi a maior derrota da esquerda em Portugal, desde sempre!

Não quero, definitivamente, dizer que a direita ganhou de uma forma esmagadora e absolutamente consolidada! Nada disso!

O Profº Marcelo é o Profº Marcelo. Teve votos provenientes de, arrisco-me mesmo a pensar, de todos os lados. Nestas alturas de difíceis circunstâncias, diz-nos o bom senso, que devemos optar por soluções inteligentes e ‘indispensáveis’. Foi essa a grande vitória do Prof. Marcelo. Com todas as suas contradições, fáceis e baratos populismos, é um homem de Estado. Responsável, inteligente e politicamente preparadíssimo para as funções a que se apresentou pela segunda vez.

Abraçou votos de todos os partidos, sensibilidades e até de alguns ‘medos’! Legítimos diga-se. A esquerda (radical e ortodoxa) foi completamente estraçalhada nestas eleições.

Tivemos o monólogo ridículo do Presidente do CDS, vulgo ‘Xicão’, quase aos saltos a reclamar vitória, quando se sabe que 90% ou mais dos habituais eleitores do CDS votaram Ventura. Não pelos méritos do Dr. Chega, mas sim, por demérito do actual CDS (uma tristeza e um perigo, caso não saiba sobreviver e mantiver esta liderança fraca e absolutamente medíocre).

A autoproclamada, ‘esquerda inteligente’ caiu para metade, por um lado, por a sua candidata não ter apresentado a força de há 5 anos, por outro, por o BE em momentos de enorme dificuldade financeira, económica e política para o país, ter apresentado a pior versão de si próprio. Aquando da negociação do orçamento mais não foi que uma coisa semelhante a isto: “Queremos mais dinheiro aqui e ali e ainda mais ali e acola. E, têm de ser nacionalizadas esta, esta e ainda mais esta empresas privatizadas.” Tudo isto para aprovar um dos mais difíceis e problemáticos orçamentos da nossa história recente. Quando foram confrontados acerca dos recursos financeiros necessários para tais propostas de negociação, … as respostas foram, na sua esmagadora maioria ridículas, irresponsáveis assim como totalmente impossíveis. Os portugueses não lhe perdoaram essa atitude. Concluiu-se finalmente que não se pode contar com o Bloco, quando as ‘circunstâncias’ o empurram para privilegiar uma tática circunstancial a assunção de uma posição de Estado.  

O PCP, para pena minha, ficou-se. Sem mérito nem glória. Não fiquei confortável com isso, apenas porque, por um lado, até acreditei em João Ferreira, por outro, porque o Partido Comunista Português tem mostrado à saciedade que é um Partido sério, responsável e maduro, apesar de ser o partido comunista mais ortodoxo da Europa e, com isso, manter um ideário ultrapassado. Tem, provavelmente de se repensar, mudar de liderança e ocupar o seu lugar mais do que legitimo de representantes da esquerda democrática, afastando com isso os bloquistas, que pelos vistos nada acrescentam.

Estas eleições foram catastróficas, para todos os portugueses, até para o meio milhão que votou naquela triste figura do Chega.

Conheço muita gente inteligente, bem formada e com consciência social que votou nesse homenzinho. Não esqueçamos que o Partido Nacional Socialista de Hitler na Alemanha no final dos anos 20 do séc. passado e princípios dos anos trinta ascendeu ao poder de uma forma total e absolutamente democrática.

A memória de grupo é tramada. Ou a memória ou neste caso a falta dela como é óbvio.

Rui Rio, só mostrou a pequenez do seu pensamento e da fascinação, da vertigem que o poder exerce em algumas pessoas, que até há bem pouco transmitiam uma sensação de tranquilidade e inteligência. Enfim, … tempos idos.

As figuras, que estiveram à frente dos quatros Partidos fundadores da democracia portuguesa nunca se poderiam rever nestas sinistras e opacas figurinhas do presente.

De todos, apesar de maquiavélico e imprevisível, valha-nos Marcelo, disse a maioria dos portugueses.

A pergunta de um milhão de dólares é esta: “quem votou em Marcelo”?

Quanto a mim, tirando uma pequena minoria proveniente das franjas políticas do espectro partidário, foram essencialmente os sociais democratas (e nesta definição incluo obviamente os socialistas de centro). Significa portanto, que o eleitorado moderado português apoiou esmagadoramente a reeleição do presidente. E, é precisamente esse eleitorado cujos líderes devem saber manter.

Têm de se repensar profundamente, porque ‘as coisas’ não estão para brincadeiras. Os quatro partidos fundadores da Constituição da República e da democracia portuguesa deveriam ter absoluta consciência dessa enorme responsabilidade!

Os resultados de hoje são muito graves e perigosos. Parece-me que a moderação e a democracia andam  a olhar para o lado!

Não sinto medo.

Sinto pena! 

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